terça-feira, 14 de janeiro de 2014

mais um quase...

                                 OS EXTRATERRESTRES NO REVEILLON


         Era final de 2008, eu estava meio deprimido, como sempre acontece nas festas de fim de ano. Era a primeira vez na minha vida que estaria longe de todos meus filhos, e por mais que enfiasse na cabeça que era uma data como outra qualquer, estava bem chateado... Talvez devido a essa depressão temporária fui atacado por um belo resfriado, fato que levou a Laura, uma moça que fazia uns bicos no meu restaurante, dar uma passada em casa na noite de Natal . Não vou entrar em detalhes das visitas da Laura nesse fim de ano, mas o fato é que acabamos tendo “um caso”. Mas sua primeira visita, tão prestimosa, com salgadinhos e bolinhos, terminou de uma maneira um tanto insólita.
         Já era quase meia noite, quando ela saiu para a ceia de Natal com sua família.  Ao sairmos para o jardim da frente de casa havia um céu estrelado raramente observável numa cidade praiana. Uma grande árvore impedia a entrada da luz do poste da rua, e o brilho das estrelas nos deixou deslumbrados. Parei extasiado com aquela visão do infinito, e meu olhar foi atraído por umas duas ou tres estrelas bem sobre nossas cabeças, que cintilavam exageradamente, e me pareciam como se fossem duas. Perguntei para a Laura se ela estava vendo o mesmo que eu, e ela disse que sim. Nessse dia ela, querendo me agradar ao máximo, simplesmente concordou com tudo que eu perguntei.
         Fiquei tão intrigado com o  cintilar daquelas estrelas que, na falta de uma luneta, ou binóculo, coloquei uma tele-zoom, na minha portentosa Nikon D 90 recém adquirida. Fotografei, e para meu espanto, ao ampliar a foto ao máximo no próprio visor, apareceu algo semelhante a um cesto luminoso colorido. Intrigadíssimo com a imagem que a estrela produzia, despachei a coitada da Laura que saiu bem frustrada por ter sido substituida por um equipamento fotográfico.
         Bem... mesmo assim me lembro que o beijinho de despedida no rosto foi acompanhado de um abraço um tanto quanto prometedor, um tanto quanto encostado demais. Um abraço e tanto...
         Mas assim que Laura se retirou peguei meu super tripé e com a máquina solidamente apoiada refotografei melhor as tais estrelas escandalosas. E havia duas delas que produziam uma imagem estranhíssima ao serem ampliadas... uma espécie de balão pendurado por cordas luminosas, tudo muito colorido, tudo translúcido... no aumento máximo que o visor da câmara permitia antes da imagem se transformar naquele monte de quadradinhos.
         No dia 27 e principalmente no dia 28, no começo da noite o fenômeno se repetiu e mais uma vez fotografei.   As fotos de algo muito brilhante que parecia estar no lugar de Venus, mostravam essa estrutura complicadíssima, algo que parecia ser feito de tubos luminosos, mas sem uma borda definida. Apareceu uma vizinha meio desmiolada, que imediatamente começou a contar inúmeros casos de pessoas que viram estranhos objetos nos céus dessa região, e que tinha um que foi perseguido pelas luzes e ficou meio pirado, e por aí a fora...
         Nessa noite, cheguei a ligar para meu velho amigo Jorge que estava em Angra dos Reis, aqui pertinho, em baixo de um céu muito parecido, e até fiquei meio bravo com ele que deu uma olhada no céu e não viu nada.
         - Pô meu, tem uma perto do poente e outra ao lado das Tres Marias, um estrela cintilando, não é possível que vc não esteja vendo....                            
     O Jorge desligou, foi lá  procurar as tais estrelas no céu. Pouco depois retornou a ligação.
         - Olha, aqui não tem nada. Vou assistir minha novela... depois você me liga..
         - Caramba, Jorge. Aparece uma coisa dessas no céu e vc vai ficar aí vendo novela. Está bem... Não viu nada além de estrelas... Valeu... é... vai lá... Tchau.
         O tempo fechou e nunca mais apareceu um céu noturno tão brilhante, nesta cidade que tem um clima muito chuvoso e por receber ventos marítimos constantes tem céu sempre um pouco nevoento, pouco favorável para observações noturnas.
         Mas a Laura e a vizinha doidinha espalharam a notícia e várias pessoas apareceram no meu restaurante contando os maiores lances. Ouvi cada história!!!... contadas por pessoas muito sérias e aparentemente normais. Eu, que nunca acreditei em disco voador, tentava descobrir uma explicação mais ou menos razoável para o fenômeno, que nunca mais se repetiu. Poderiam ser balões meteorológicos, mas se fossem balões,  deveriam estar altíssimos por que foram fotografados por volta das vinte e três horas, ou então deveriam ter luz própria pois apareciam extremamente luminosos., coisa pouco provável, 
         Apareceu um conhecido, um físico aposentado da USP, que depois de muita conversa chegou à conclusão que realmente o que eu havia fotografado não era um objeto celeste natural.
         Coloquei as fotos no orkut, super popular na época, enviei e-mails com as fotos devidamente ampliadas para um monte de gente, amigos, conhecidos... mandei um longo email a para a FAB, e até para uma entidade que pesquisa e analisa eventos sobre o assunto. A FAB ignorou, mas os ufólogos acharam o relato interessante, porém disseram que nada havia nas fotos que provasse que aquelas imagens estavam no céu. Procurei um primo, com quem tenho pouco contato, pesquisador do centro de pesquisas espaciais, que me disse não ter havido nenhuma pesquisa com balões meteorológicos nesse período. E também nenhum fenômeno luminoso desse tipo havia sido observado...
         - Mas, é o seguinte...  Fique sabendo que existe um bom número de casos de ovnis sem explicação e tem muita gente séria achando que até poderiam ser alienígenas.
           O fato de pessoas sérias e com conhecimento científico muito bom, acharem que havia uma possibilidade de eu ter fotografado objetos vindo de outros mundos, me levou a admitir essa hipótese, mas sempre com uma certa relutância. Procurei e vi vários filmes e documentários sobre extraterrestres, a maioria um besteirol impressionante, mas no meio desse monte de loucuras haviam uns poucos casos muito bem documentados e seriamente analisados, que deixavam sem resposta a pergunta... afinal o que foi que nós filmamos?...  Nenhuma explicação científica explicava o registro das luzes, dos resíduos brilhantes e de coisas similares. Não eram produzidos por entidades ou fenômenos conhecidos neste nosso planetinha.
            Aí então....
            Aí então, montei uma bela teoria...
         Ubatuba seria um ótimo lugar para alienígenas estacionarem suas naves gigantescas, carregadas de instrumentos de pesquisa para analisar nosso mundo, porque fica entre duas das maiores aglomerações urbanas do planeta. Por outro lado seria difícil as naves serem observadas pelos terrestres, pois é um lugar pouquíssimo habitado, tem céu quase sempre encoberto durante as noites, e pouco tráfego aéreo.     
         Bem...  acontece que estávamos perto do  Réveillon, com certeza uma atividade muito intrigante para possíveis visitantes interplanetários!! Como nessa época do ano, sete dias depois do solstício, sempre ocorrem coisas estranhíssimas aqui na Terra, eles resolveram fazer uma expedição... estacionaram as naves aqui em cima para tentar entender os picos de dispersão energética que sempre ocorrem no meio dessa  noite especial, a sétima depois do solstício. Afinal as noites normalmente são o período onde os habitantes deste planeta tem suas atividades minimizadas. Porém, nessa estranha noite as populações abandonam seus casulos e se reúnem em aglomerações gigantescas para absorver grandes quantidades de energia sonora e luminosa. Ao mesmo tempo os sistemas de comunicação por ondas eletromagnéticas apresentam um enorme aumento de atividade. 
        Acho que seria mais ou menos assim que eles teriam descrito os fogos e o monte de gente grudado nos celulares, tablets, ipods, mandando toneladas de gigabites de beijinhos.
         Mas a vida continuou aqui na Terra...  Fui operado, mudei de restaurante, parei de sair com a Laura, mas a estória dos ovnis continuava na minha cabeça.
         Alguns meses depois, num belo dia, ou melhor numa bela noite, acordei quando estava quase amanhecendo, fui até o meu escritório que tem uma vista maravilhosa para toda a enseada de Ubatuba... em direção ao leste dá para ver a Ilha Grande  e  várias montanhas mais além.
         E lá estava uma daquelas estrelas cintilantes... muito brilhante, mudando de cor desvairadamente.
         Catei a máquina bati uma  foto lá da janela mesmo e dito e feito... apareceu a  tal estrutura em forma de cesta luminosa. Peguei meu imenso tripé, fui até o calçadão da praia e comecei fotografar. Mas reparei que a cestinha não aparecia quando eu fazia o foco olhando pelo visor. Só aparecia quando o foco era feito girando o anel de focalização até o limite. Apontei para luzes artificiais, de postes e casas distantes, focalizei e a estrutura não aparecia. 
          O amanhecer foi maravilhoso... fiz uma série de fotos realmente estonteantes com nuvens furta-cor, barquinhos e tudo o que um céu desses tem de lindo maravilhoso.
         E parei embevecido... era um céu... Era um céu, demais!
         Mas a astronave estava na posição de Vênus quando é chamada de estrela Dalva. A estrela da manhã... do alvorecer.
         E por que as fotos às vezes mostravam aquela coisa, e em outras era só uma bolinha de luz?... Nesse ponto do céu, nessa hora da manhã, minha astronave poderia muito bem ser Vênus, pertinho do horizonte.
         Era uma quinta feira, um dia bem trabalhoso porque de noite tinha música ao vivo no meu restaurante, e assim que o pianista João Cláudio chegou, contei para ele o que tinha visto.
         - Olha, Dario... deve ser Vênus. Acho que nessa época ela aparece ao amanhecer.
         A noite estava clara e lá onde deveria ter aparecido a astronave não havia nada.
         - Caramba, João! Ou os etês foram embora, ou aquilo era Vênus mesmo! Vou pegar a câmara e vou fotografar a estrela mais brilhante do céu.
         Coloquei a câmara no tripé ajustei tudo, chamei o João e fomos para o jardim da praia.
         - Olha Dario fotografa aquela... é a Alfa não sei das Quantas.
         - Mas.. você sabe o nome das estrelas?
         - É, até estudei um pouco... Tenho certeza que ela é a... e disse o nome da estrela.
         E não deu outra. Quando virei o anel de focalização até o fim e fiz a foto, aparecia o misterioso balãozinho no visor da câmara.
         - Caramba! Vou fotografar a mais brilhante do Cruzeiro do Sul... 
          E novamente lá estava minha astronave!!!
         - Uma distorção, João!!. Um tipo de aberração cromática que a lente produz quando o foco passa do infinito!!! Olha só, olha aqui como o anel de focalização gira um pouco mais, além da posição do infinito.
         E o João ainda brincou...
         - É Dario você fotografou mesmo um Ovni... um Ovnikon!!!
       E poucos dias depois, apareceu um navio que ficou parado aqui na frente até escurecer. Só para ver o que acontecia, fiz as fotos girando o anel até o limite, e... Na popa do navio!!!... as luzes mais fortes da popa eram uma coleção de astronaves!!!!
         Liguei pro João para contar...
         - João, o navio que ancorou aqui hoje estava cheio de Ovnikons!!!
        


Nenhum comentário:

Postar um comentário