terça-feira, 5 de novembro de 2013

histórias do QUASE.... (acho que conheço esse cara....)

                           CONHEÇO ESSE CARA DE ALGUM LUGAR...

         Eu, minha mulher e nossos dois filhinhos morávamos num subúrbio de São Paulo. A região, que fizera parte do cinturão verde da cidade, estava  se transformando num lugar com qualidade de vida muito boa. Os antigos sitiantes dividiam suas propriedades em pequenas chácaras ou lotes menores, e com isso ganhavam um dinheiro que correspondia a plantar e vender montanhas de alfaces, abobrinhas e similares.
          Comprei um grande lote, parte de um sitio de japoneses, com algumas árvores frutíferas ao lado de uma área de lazer abandonada, onde aos poucos consegui construir um belo salão de festas e uma deliciosa piscina. (... piscina... oba que legal... eu passei muito mais tempo limpando do que nadando)
        O lugar era muito agradável, no meio da mata atlântica, com direito a cipós, bromélias, orquídeas, corujas, tucanos, lagartos, preás e outros seres que realmente nos encantavam.
         Curtíamos muito nossos filhos e levados por esse ambiente naturalista resolvemos não consertar a TV, vítima de uma descarga elétrica provocada por um raio que caiu nas proximidades.   “Quer saber?!...  É melhor não consertar... Aí os meninos não vão ficar vendo esse monte de porcaria” “É isso mesmo, tem razão”
         E assim passamos vários anos sem TV, para desespero de alguns amigos, viciados na máquina fantástica, que vinham passar o fim de semana no campo, e se desesperavam por não poder acompanhar a "minha" novela e assistir um daqueles filmezinhos lamentáveis.
             Mas, por outro lado, foi muito bom, porque aos poucos a turma aprendeu a se divertir, com jogos de salão, baralho, dominó, xadrez... chegamos até a fazer teatrinho de bonecos, colocando todo mundo para trabalhar.
           E como a gente se divertiu!!!!
         Nessa época, herdei um lindo piano de cauda, pequeno mas muito bom, que fazia a felicidade de alguns amigos músicos que passaram a ser presença constante nas nossas reuniões.
         Hoje eu penso que realmente a falta da TV nos levava a fazer um monte de coisas para se distrair, ao invés de ficar sentado passivamente, absorvendo o monte de lixo que é a programação dos fins de semana
         Mas quando eu vinha dar minhas aulas em Sampa, às vezes aconteciam coisas engraçadas, como não saber do tal assassinato cujo mistério seria desvendado nos próximos dias. Era o final de uma novela de grande audiência e quando perguntei a meus alunos que assassinato era esse que ocupava as manchetes dos  jornais, foi a maior caçoada.
         Bem, um belo dia, fui com um amigo músico até um estúdio de gravação, porque ele precisava combinar umas coisas com um dos diretores.
         - Vem comigo, aí vc vai conhecer fulano de tal que é muito legal...
         Fomos parar num enorme casarão nas Perdizes, no fundo de uma rua sem saída, onde funcionava o estúdio mantido por artistas meio alternativos. Depois de pequena espera, entramos na sala da diretoria, onde evidentemente havia a tradicional mesa para reuniões, com dois sujeitos muito educados que nos convidaram para sentar, bem na frente deles. Meu amigo a conversar com um deles, justamente um dos diretores, sobre os últimos detalhes de um projeto em andamento, enquanto que eu e o outro,  ficamos lá, mais ou menos sem saber porque, e sem saber o que falar.
              Mas havia algo de bastante familiar nesse moço, mas eu não estava muito a fim de puxar assunto. Enquanto isso os dois...
           - Então está tudo acertado, você vai fazer isto e aquilo... assim e assado. 
          A reunião acabou rapidamente, com a fulgurante entrada de uma secretária, daquelas, super gostosa oferecendo um lanchinho na sala ao lado. Nos despedimos dos outros dois, e ao sair do casarão perguntei para o meu amigo.
         - Conheço aquele outro cara de algum lugar. Eu ia até perguntar para ele se não tinha sido meu aluno, quando aquela secretária fabulosa entrou.
         - Pô meu! Ainda bem que você não perguntou!!! Ia fazer o maior papelão... que mico meu!!
            - Ué?!! Por quê? Qual é o problema?... Eu acho que conheço o cara!!!
         - Caramba!!! Ele é o apresentador do jornal da Band!!! Só faltava essa... aí você chega e vai perguntar pra ele se ele foi teu aluno! Se liga, cara! Vê se larga se ser pão- duro e compra uma televisão para entrar no mundo real!!!  

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