Caro leitor...
Estamos nos acostumando ver cenas de
violência explícita, tanto em obras de ficção, como na realidade. Uma coisa terrível é a banalização da violência que muitas vezes serve de chamariz para
filmes, seriados, novelas, e ultimamente existem programas de televisão, onde
uma equipe sai acompanhando a polícia ao vivo em atos de violência, arriscando
a pele dos repórteres das grandes redes sensacionalistas. Portanto vou publicar mais uma vez um
texto que escrevi há alguns anos e que andou viajando pela net.
É o que segue...
MAIS MÚSICOS... MENOS
VIOLÊNCIA
De todas as invenções intelectuais
da humanidade a matemática e a música ocupam um lugar absolutamente especial entre
outros meios de comunicação em termos de criatividade.
Eu me arrisco ao dizer que a música
e a matemática são as principais criações do ser humano!!!
A literatura, ao gravar (ou grafar) as
idéias, reproduz a conversa ou o discurso, e o leitor é remetido a algum tipo
de significação
O teatro, uma das formas mais
antigas de arte popular, conta eventos reais ou fantásticos, também cria significados
que formam representações na mente dos espectadores.
As artes plásticas: escultura,
pintura, desenho, fotografia, cinema e seus derivados tentam representar o que
é visto. Mesmo quando os autores procuram trabalhar com elementos que não
representam imagens de objetos reais em ficções fabulosas, essas tentativas de
ruptura trabalham com códigos e conceitos preexistentes e acabam quase sempre
se reportando a algum tipo de representação da realidade exterior.
Na matemática, mesmo as quatro
operações são conceitos abstratos. A álgebra, trigonometria e geometria, o cálculo
numérico... são criações do ser humano,
nada disso existe na natureza. Alguns elementos fundamentais da matemática,
como reta, plano, números irracionais, e tantos outros, são conceitos criados
pelos matemáticos e só existem dentro da matemática. São usados pelos cientistas
ao criar modelos para tentar decifrar e explicar o mundo, mas isso não
significa que o mundo seja matemático. A matemática está apenas dentro da cabeça
do ser que a utiliza, e é totalmente criação do ser humano.
Na música ocorre algo semelhante,
mas provavelmente o grau de abstração é ainda maior. Todos os princípios, todos
os códigos e regras são essencialmente musicais. A música não representa nada. (Quando
me refiro à música, estou falando da música instrumental, evidentemente a letra
de uma canção conta uma estória.)
Todos os sentimentos que a música provoca, todas idéias que ela sugere se manifestam em imagens puramente musicais.
Mesmo quando alguns compositores tentam imitar a natureza como Vivaldi na sua
Tempestade no Mar, ou Beethoven também tentando imitar uma tempestade na sua
sexta sinfonia, conseguem apenas nos transmitir uma vaga ideia da sensação de
estar numa tempestade. A maioria dos ouvintes só vai identificar a tempestade
se já estiver preparado e preocupado para reconhecer o trecho onde ocorre a
suposta imitação.
Mesmo a codificação de que tons
menores são tristes e maiores são alegres é essencialmente cultural. No oriente
os povos árabes, por exemplo, dançam alegremente aos sons das melodias
construídas dentro de escalas menores.
Então, já que não está ligada
totalmente a uma representação do exterior humano, a música é por sua própria
natureza algo onde a criatividade é absolutamente essencial. Muitas pessoas
poderiam perguntar onde está a criatividade quando o pianista se apresenta numa
sala de concerto tocando uma peça que já foi repetida por ele milhares de vezes
até ficar "pronta". Eu diria que o próprio processo que ocorre no
cérebro do ouvinte de transformar uma seqüência de notas, de formar blocos
sonoros, num todo melódico já é algo de
extraordinariamente criativo. Mas, o importante, é que com certeza um
intérprete nunca conseguirá tocar a mesma peça sempre rigorosamente da mesma
forma. E também, a mente do ouvinte sempre a ouvirá e a reconstruirá
diferentemente.
Acontece que inventamos o gramofone, depois a vitrola, o
gravador de fita, o CD, e os moderníssimos e poderosíssimos sons portáteis a preço de
banana, isso sem falar nos potentíssimos amplificadores e caixas de som
produzindo megawatts sonoros capazes de atingir quilômetros de distância, e
serem percebido por pessoas surdas, que sentem as vibrações fantásticas em
suas entranhas.
Mas o que é mais interessante, e eu diria assustador e lamentável, é que essas invenções aparentemente tão úteis e inocentes, que na suas origens serviram para divulgar e possibilitar que todos ouvissem música, hoje servem exatamente para acabar com a invenção musical!
Mas o que é mais interessante, e eu diria assustador e lamentável, é que essas invenções aparentemente tão úteis e inocentes, que na suas origens serviram para divulgar e possibilitar que todos ouvissem música, hoje servem exatamente para acabar com a invenção musical!
São milhões de pessoas ouvindo centenas de vezes a mesma música
tosca e rústica das paradas de sucessos! Não há dúvida que a música popular tem
que ser simples e de fácil assimilação, caso contrário ela não seria popular.
Acontece que a atual industria cultural (ver o filósofo Adorno) produz um tipo
de música popular que atinge os mais altos graus de mesmice. E os malditos pum,
pum-pum, os raps, os funks, psy, trances e congêneres tocados a volumes
ensurdecedores estão em todo lugar. Antes era só no borracheiro, agora é no
vizinho, no supermercado, no ônibus, no parque, na praça. E nas festas os
coitados dos garotos, que não conhecem outra coisa, dançam todos fazendo o
mesmo trejeito, na mesma hora, todos com o mesmo gritinho ... iu ú... uau!...
naquela mesma parte da canção.
Imagine um sábado à noite. Quantas centenas de jovens numa
cidade como S. Paulo dançando exatamente a mesma música! No mesmo ritmo! Todos
iguaizinhos. Fazendo o que o maldito CD manda!
Onde está a criatividade? Onde está a invenção?
Então gostaria de iniciar uma campanha, e peço ao caríssimo e
paciente leitor que simplesmente divulgue o seguinte:
Toque um instrumento musical!
Toque simplesmente!
Não importa se tocar mal, mas toque!
Compre um violão para seu filho ( ou sobrinho ou namorada,
ou...). Arrume um professor e peça para o garoto (ou garota) cantar e tocar
para os colegas e para você. (Os professores de música na sua maioria, gostam
muito de dar aulas e cobram muito barato) Um violão simples custa o preço de
alguns poucos CDs.
O violão é um instrumento muito interessante pela sua
versatilidade. Quando bem tocado pode chegar a níveis de riqueza e complexidade
muito grandes, mas por outro lado, com alguns meses de estudo qualquer pessoa
já consegue tocar uma quantidade de acordes e ritmos suficientes para acompanhar
meia dúzia de músicas e juntar uma turminha para cantar. A flauta doce também é
uma opção muito boa. É um instrumento barato e muito fácil de aprender. Com
poucas aulas, já é possível tocar algumas melodias simples.
Seu filho (ou namorada, ou sobrinho, ou...), mesmo errando e
desafinando vai estar criando alguma coisa ao invés de ouvir pela bilionésima
vez aquele som bestial, ou aquela voz esganiçada impostas pelas grandes
empresas da industria cultural internacional. (Aliás,
uma coisa que sempre pergunto aos meus amgos músicos... proibiram o uso de
melodia???)
Essas corporações internacionais gigantescas necessitam de músicas
extremamente simples, verdadeiramente toscas (musicalmente falando), que
possam vender em qualquer canto do planeta. E as vítimas são os jovens, que
evidentemente vão querer cantar e dançar ao som do que aparece na TV.
Junte os garotos seus vizinhos, e organize ou convença-os a
organizar uma bandinha mesmo que você ache meio chato. Nem que seja para fazer
uma boa batucada, com todo mundo cantando desafinado.
Eles vão estar criando!
Se você for professor, leve a ideia para sua escola. Se você
trabalha numa empresa grande, ou se você frequenta um clube, ou mesmo na turma
do boteco... lance a ideia e batalhe por ela. E procure incentivar a turma para
tocar os grandes sucessos da música popular brasileira que dão de 400 a zero no
que a Industria Cultural Internacional nos obriga ouvir.
Não importa se no começo eles tocarem mal. Pelo menos eles saem
da passividade, escapam dos entorpecentes eletrônicos... (depois...
aos poucos vão melhorar, com certeza...)
E... talvez deixem de sair por aí, bebendo, cheirando pó, ou
fumando crack, por que fazer música é muito mais divertido, do que ficar
escondido num canto ingerindo drogas.
Veja, caro leitor, como a “mass media” joga continuamente no
mercado grupos de hard rock, punk, funk que além se serem musicalmente
rudimentares e toscos (só conseguem usar três ou quatro acordes) incentivam à
violência e ao desrespeito social, muitas vezes com letras e atitudes obscenas.
A música, principalmente a música instrumental, inspira muita
paz e fraternidade entre as pessoas.
A música "enturma" as pessoas, que participam de um
evento musical.
Quem anda onde rola música ao vivo, está acostumado que de
repente aparece um músico que não é do conjunto para “dar uma canja”. E
depois, fica todo mundo contente por que conseguiram tocar junto... mesmo sem se
conhecerem!!!!
E quando o ser humano cria, dentro dele se manifesta
"aquela" centelha de divindade. Talvez seja por causa disso que
muitos pintores do passado costumavam representar os anjos segurando harpas...
****Meu texto original (com
pequenas modificações) termina aí... com os anjinhos tocando arpas, mas eu
gostaria de completar com um pedido aos pais... e aos adultos em geral...
Exijam que a escola de seus filhos, sobrinhos, e amigos, levem a sério as aulas de música.
Exijam que a escola de seus filhos, sobrinhos, e amigos, levem a sério as aulas de música.
Logo depois da segunda guerra mundial, instituíram aqui no
Brasil o “Canto Orfeônico”, com participação do grande Villa Lobos, que chegou
a reger corais de milhares de crianças em estádios de futebol.
Eu lembro que nas aulas
de canto, no colégio, nós aprendíamos a ler partitura, solfejar, cantar
afinadinho... evidentemente era tudo muito simples.
Mas a garotada saía sabendo os rudimentos. Sabiam que música
tem compassos, notas, acordes, escalas e principalmente melodias!
Bem... pouco mais de uma década depois surgiu a Bossa Nova!!
Bem... pouco mais de uma década depois surgiu a Bossa Nova!!
Um movimento de vanguarda, de grande
criatividade e ótimo nível técnico que revolucionou a música popular do mundo
inteiro!!!
Isso porque nosso querido Brasil tem uma música popular absolutamente maravilhosa. Muito fértil e variada.
Ensinar música para a garotada aqui neste nosso amado país é semear em terreno fértil.
Isso porque nosso querido Brasil tem uma música popular absolutamente maravilhosa. Muito fértil e variada.
Ensinar música para a garotada aqui neste nosso amado país é semear em terreno fértil.
MAIS MÚSICOS MENOS VIOLÊNCIA!!!!
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